sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

MUDANÇA, UMA PONTE PARA A AUTO-ESTIMA

Auto-estima parece jogo de palavras. Estimar a si mesmo é algo tão óbvio e simples. E por que tão complicado? Por que é a “palavra” de ordem para muitas questões psicológicas e de comportamento?

Auto-estima, como pressuposto para relacionar-se, atingir o sucesso, ultrapassar barreiras, é algo que até se tornou lugar comum e permeia os textos de auto-ajuda. Analisar os por quês da falta de auto-estima ou da “baixa auto-estima” é o ponto forte de diversas práticas e correntes psicológicas.

Para encurtar a história, sugiro que auto-estima se constrói, com pequenas e gradativas mudanças. E mudar, nesse caso, é um verbo que se conjuga no gerúndio... Só se muda, mudando.

Se você quer emagrecer, não importa como, mas uma coisa é certa, quando conseguir livrar-se de uns dois quilos e sua calça jeans começar a dar sinais de folga... Aí sim, virá o incentivo para jogar fora os quilos indesejados.

Se você tenta colocar o ponto final num relacionamento complicado, mas ao mesmo tempo necessita dele compulsivamente, quando conseguir não enviar aquela mensagem pelo celular, esquecer que o telefone “tem” de tocar, deixar de abrir o esperado e-mail, quase tranquilamente... Aí sim, estará no caminho para, numa bela manhã, acordar sem se lembrar.
De quem mesmo?

Mudanças acontecem gradativamente, fazem parte de um processo, mas iniciá-lo é uma decisão de cada um. “Deus ajuda quem se ajuda”, proclama o sábio dito popular, confirmado pelo verso bíblico que diz que “a fé sem obras é vã.”

Milagres acontecem, é claro. Mas, construir a mudança é abrir-se para os milagres. Se fechamos os olhos e nos acomodamos, como podemos saber se é hora de embarcar numa viagem que nos levará onde queremos?

Se você costuma colocar sempre as necessidades alheias em primeiro lugar, nunca encontra tempo para se dedicar de corpo e alma às suas próprias necessidades, há algo errado.

Se seus projetos são sempre adiados e você está vivendo na zona de conforto, onde nada está bem, mas tudo está calmo, há um certo desconforto no ar.

Se você apenas devaneia de vez em quando e se permite sonhar, sem pensar em conquistar o sonho, há uma certa necessidade de se conectar com a vida real.

O que há de errado?

Essa é a pergunta quando vivemos uma vida acomodada, onde nenhuma catástrofe está acontecendo e, mesmo que aconteça, acabamos por superar, mas se olharmos para o fundo do baú das nossas necessidades, parece que falta algo.

Aí podemos cair de novo na mesmice de alguns textos de auto-ajuda que propõem simplesmente a positividade ou nas teorias psicológicas que buscam o porquê da auto-sabotagem, de nunca encontrar o lugar para onde o sonho aponta.

O problema pode estar na auto-estima, ou na falta dela. Novidade? Não, dizer isso é "chover no molhado".

Para chegar ao finalmente, proponho algo que se baseia na minha prática.

Se auto-estima se constrói, e sabemos que nos amar e nos estimar é um movimento de dentro para fora, temos tudo de que precisamos. Não adianta ninguém nos dizer o quanto somos bonitas, interessantes, cheias de graça e qualidades, se nos sentimos defasadas em alguma parte de nossa vida. Se não nos sentimos à altura o bastante.

Ame-se, simplesmente, não ajuda. Amor incondicional é tudo. Não preciso "ser" nem fazer nada para me sentir merecedora de amor. Mas isso também passa pela auto-estima.

É preciso ter razões para amar-se.

É preciso criar razões para a auto-estima.

Um toque na aparência, uma melhora no guarda-roupa, iniciar aquela caminhada diária?
Sim, pode ser qualquer coisa. Podemos partir do visual, que nos conecta com o mundo... Lembrando que vale aquilo que me faz sentir bem e amada. Por mim, primeiro... e não a opinião alheia. Isso se aprende com o tempo, com a prática do construir a auto-estima. O prazer de se sentir confortável com a própria opinião sobre si, que muda, com pequenas mudanças, que melhora com pequenos prazeres, como o de olhar no espelho e se enxergar bem . Linda, melhor ainda...

E razões para a auto-estima podem ser aquelas que nos conectam com as pessoas, melhoram os relacionamentos, a comunicação, a aceitação, o respeitar limites, o fazer-se respeitar, o derrubar barreiras, o criar intimidades. Lembrando-se que o foco deve estar em si mesma. “Sou a pessoa mais importante de minha vida”.

Razões para a auto-estima são, essencialmente, as que nos conectam com nossa alma. Que nos permitem estar bem em nossa presença, gostar de nossa própria companhia, do nosso jeito de ser, de pensar. Daí, manter as expectativas no nível do real. Partir do concreto possível para o sonho, quase impossível, de ser o que gostaríamos de ser para nos amar mais ainda. E partir do concreto, do que temos, passa pelo auto-conhecimento e pela aceitação do que somos. Olhar para o espelho da alma e deixar cair a máscara. E então, primeiro amar o que somos, para então, construir o que queremos ser.

Parece difícil, às vezes contraditório? Pode ser, mas se a meta é mudar, por que não?

Por que não tentar o novo? Por que não se arriscar?

À medida que vou à procura de metas para o que quero ser ou fazer, e começo a dar passos em direção aos meus objetivos, estou mudando. Estou me realizando; e me realizando, eu me dou motivos para me amar... Mais... Eu me valorizo, fortaleço a auto-estima.

Não há receitas para o processo de mudança na construção da auto-estima, cada um tem seu caminho, suas razões, seus sonhos.

Mas auto-estima não se alcança com mágica, e sim com disposição, aceitação e trabalho diário em busca da mudança.

Amar-se deve vir em primeiro, mas a vida é um aprendizado, como um jogo onde temos que fazer escolhas, tomar decisões, experimentar opções. E como num jogo, as cartas podem vir embaralhadas. Cabe a nós ordená-las e colocá-las na sequência coerente, para que possamos nos mover em direção ao nosso objetivo, buscando vencer.

Auto-estima pode ser um dos aprendizados que a vida nos apresenta.

E aprender é um processo de mudança.

AME-SE O SUFICIENTE PARA MUDAR. MUDE PARA AMAR-SE MAIS.

Imagem: Google

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