Liberdade, Intimidade e Cumplicidade são palavras-rima que ressonam como letras unidas para compor a sequência que resulta em AMAR.
Em minha experiência convivendo e observando as trocas afetivas entre dependentes de álcool, onde a compulsão é sempre uma cortina de ferro barrando a intimidade, aprendi algumas lições que se projetam para as relações amorosas em geral, embora essa minha reflexão esteja voltada para o relacionamento a dois.
Intimidade é aquela estação a que nossa alma aspira quando nos ligamos afetivamente a alguém. Intimidade não é apenas a entrega física, é o revelar do ser sem máscara, quando se sente em casa, é aquele despir-se sem pudores numa paisagem de aceitação incondicional.
Gosto muito da definição de Intimidade de Melody Beattie, em Para Além da Co-Dependência:
“Intimidade acontece quando nossos limites se relaxam e tocam a fronteira de outra pessoa.”
E por falar em limites chegamos ao ponto deste refletir em que tocamos também a Liberdade. Sentir-se livre num relacionamento é, antes, amar-se incondicionalmente e permitir ao outro desfrutar seu direito de ser e estar no mundo como alma sem amarras. Não é preciso ser ou fazer nada que implique numa condição para alguém ser amado.
E, portanto, não é preciso cobrar a fragmentação do outro em pedaços, esfacelar seus limites para viver um amor. Ir além dos limites do outro é uma ameaça à Intimidade porque ser íntimo diante de alguém é sentir-se livre para ser e estar no mundo sem condições. Não é preciso deixar de lado convicções, gostos, prazeres, amigos, para se viver um amor completo.
Para mim, o amor transita entre a Liberdade e a Intimidade. No mesmo espaço em que cresce a Cumplicidade. E qual o sentido dessa palavra num relacionamento amoroso? Cumplicidade é mais do que aquela centelha de comunicação quase telepática que às vezes temos com alguém especial em nossas vidas. Vai muito além de ter um desejo atendido pela pessoa amada antes que a palavra possa expressá-lo. Cumplicidade é a sintonia entre almas de seres que decidiram entregar-se no amor.
A Cumplicidade pode dispensar palavras, fazer compreender com a força de um simples olhar, mas o que transforma uma relação a dois corriqueira numa relação a dois que transcende, quando nos tornamos cúmplices, é a criação de um clima emocional adulto onde a Intimidade é permitida sem ressalvas e a Liberdade é respeitada.
Há muitas ondas emocionais nesse mar em que nos banhamos quando mergulhamos numa relação amorosa. Mas criar a Cumplicidade, permitir e abrir-se à Intimidade, tocando apenas de leve os limites do outro sem cruzar as barreiras da Liberdade, é o que nos permite estar inteiros dentro de um relacionamento onde há espaço para o AMOR crescer.
Imagem: Google
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DEUS É FIEL