segunda-feira, 7 de março de 2011

PRECE À DEUSA


















Que neste dia
cesse toda a submissão
da alma feminina.

Sejam revelados e punidos
todos os atos
de incesto, pedofilia
e estupro contra meninas,
moças e mulheres adultas.

Denunciem-se todos os casos
de violência
psicológica, verbal
física, emocional
e social às mulheres.

Que nenhuma atitude
de bullying contra mulheres gordas,
“feias”, homossexuais,
em virtude
de sua aparência ou condição física,
orientação religiosa, cor da pele
ou vestimenta
passe desapercebida.

Criem-se e cumpram-se
as leis que protegem
as mulheres trabalhadoras
no seu direito à equiparação
de salários com os homens,
à gravidez, à licença-maternidade
e às creches.

Evapore-se todo tipo
de discriminação à mulher
por sua posição social, aparência
ou idade.

Que jamais sejam negados
às mulheres os direitos básicos
à saúde, educação, trabalho e informação.

Reservem-se a todas
as mulheres do planeta
o sagrado direito de ir e vir,
de ser e estar,
de cuidar e decidir sobre seu corpo
e o rumo de sua vida.

Que toda mulher desfrute do direito
de buscar livremente
o prazer e a felicidade.

Que todas as mulheres
da face da Terra
possam provar o gosto da
Paz, do Amor e da Liberdade.

E que toda mulher jamais
perca a vontade de sorrir.

Ó divina deusa
da proteção feminina
atendei essa minha prece
para que cada dia,
do nascer ao pôr-do-sol
possa ser chamado

Dia Internacional da Mulher.


"No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.
A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano."
( Fonte: Pesquisa.com - Google)

Imagem:
Fragmento do painel criado e montado para o cenário da peça teatral Rosa Chock, pelo Núcleo de Teatro da Divisão de Cultura da Prefeitura da Estância Turística de Sâo Roque em março de 2002, para as atividades culturais da Semana da Mulher.

Twitter: http://twitter.com/SilviaMello23

DEUS É FIEL

domingo, 6 de março de 2011

"Uma vez eu li UM livro..."

Pensando sobre "por que ler?" neste domingo de Carnaval, viajei em direção a muitos outros pensares sobre o tema, que nunca será um tema fechado, pois leitores são “gente” e à gente não se aplicam fórmulas.
Há muitos projetos interessantes de in
centivo à leitura que dão resultado e isso discorrer sobre eles resultaria em uma ou mais teses.

Pessoalmente, incentivo as crianças ao meu redor a lerem, lendo com elas, espalho pilhas sobre o chão, o sofá, a mesa, e elas escolhem; também tenho como hábito só dar livros de presente, nos aniversários, Natais.

Sempre fui incentivada a ler e grifar e copiar trechos que mais gostava dos livros que lia pela minha mãe desde os sete anos. Aos onze anos eu lia o que queria, José de Alencar, Machado de Assis, Jorge Amado, Alexandre Dumas, Abade Prèvost e outros mais que encontrava nas coleções encadernadas do meu pai, sem qualquer indicação de alguém.
Mas confesso que nunca li Memórias Póstumas de Brás Cubas, que achava muito chato, e só vim lê-lo no ano passado, pois era inadmissível morrer sem ler esse clássico brasileiro. E confesso que li grifando... quase o livro todo!!!

Porém, a escola pública da época de adolescente foi um empobrecimento, voltada para uma quantidade pequena de sugestões para leitura, nivelando por baixo, e focada nas indicações para o vestibular. E isso deixou lacunas.
Enfim, há muito que se falar sobre o tema e cada um tem sua experiência peculiar, como resultado do que lhe veio da educação e das suas próprias características. Tenho quatro filhos e três lêem muito. Um deles leu sessenta clássicos em seis meses, quando decidia que curso superior iria fazer, já outro odiou ganhar um livro de poesias de Vinícius de Moraes da namorada...

Quando eu estive na prefeitura de São Roque como chefe de divisão de cultura, adquiri clássicos e outros livros para a biblioteca pública municipal, entre 2001 e 2004, e fiquei admirada de como não estava disponível para venda nem em editoras nem em distribuidoras, a obra de Cecília Meireiles.

Mas ainda me ocorrem três idéias sobre ler:
Italo Calvino em "Por que ler os Clássicos" começa dizendo que “os clássicos são aqueles livros dos quais, em geral, se ouve dizer: ‘Estou relendo’ e não ‘Estou lendo’...”. Ninguém admite, mas jamais haverá tempo para ler todos os livros importantes. O autor coloca também a idéia de que a cada momento da vida em que lermos de novo um clássico, estaremos lendo um novo clássico, porque não seremos a mesma pessoa, com a mesma bagagem anterior.

Sobre incentivo à leitura, fico com a idéia de Moacyr Scliar, que basicamente escreveu que num mundo onde pouco se lê, restringir e direcionar a leitura para determinados autores é diminuir ainda mais o número de leitores. Qualquer leitura pode ser uma porta aberta para o gosto pela leitura.

Certo dia, ouvi de uma cabeleireira, de poucos mais de trinta anos de idade, da qual admiro o senso prático e uma certa sabedoria de viver, a frase que me deixou perplexa e encantada ao mesmo tempo, pela simplicidade com que foi dita, que demonstrava nostalgia: “Uma vez eu li UM livro.”

Imagem: "Meninas Lendo" - Pablo Picasso


DEUS É FIEL

quinta-feira, 3 de março de 2011

A PRAÇA

Ela já recebeu vários nomes, já foi Largo da Matriz, Praça Washington Luiz. Hoje, como em outros tempos, é Praça da Matriz. Mudou de nome, mudou de cara, mas é a mesma praça, guardando tantos segredos. Praça que presenciou muitos acontecimentos, imponentes, históricos ou simplesmente corriqueiros. Praça que ouviu... o burburinho dos saraus ao seu redor, discursos, vivas, som de rojões e fogos, juras de namorados, fofocas de comadres, reminiscências de aposentados, o canto dos pássaros.

Praça dos desfiles, das Cavalhadas, das festas religiosas, das procissões, dos comícios e shows, das bençãos e manifestações políticas. Praça do povo! Mudaram sua roupagem, seu visual, inúmeras vezes, é verdade, mas é a mesma praça. Praça de ontem, praça de hoje... Praça que presenciou tantas mudanças! Praça que já viu homens de cartola, gravatas borboleta, fraque, homens de chinelo, bermuda, calça desbotada, garotos com bolas de gude e skate; praça que admirou desde os trajes recatados das mulheres, costume chegando aos pés, até a nudez dos destaques de Carnaval.

Palco de lazer quando, nas noites quentes de domingo, as famílias iam ao “Largo” e quando o divertimento era “dar voltas na praça”, mulheres de um lado, braços dados, homens do outro, mãos no bolso, “tirando linha”. Praça que já testemunhou o nascimento de grandes amores e desencontros.

Praça que sentiu perfumes mil, o aroma das flores, das mulheres sábado à noite, o odor de mendigos e bêbados

Praça dos turistas, do bate papo, dos engraxates, das rodas de capoeira, dos vendedores, das barraquinhas, dos encontros, das Alvoradas. Praça da alegria... Praça das bandas de música! Praça dos Festivais de Inverno...

Praça que nasceu com o sobrado de taipas de Pedro Vaz. Praça que, nas manhãs de domingo, surpreendia o fundador dirigindo-se à Igreja pelo passadiço que a ligava à sua casa, para assistir à missa.

Largo da Freguesia, da Vila, praça da Cidade, da Estância Turística!

Praça que já abrigou à sua volta tantos moradores ilustres. Praça do Barão de Piratininga, praça de Quirino de Aguiar, praça de Xavier de Lima...

Praça das primeiras construções, praça do “casarão”, da Loja Grande, da Casa da Câmara, praça da casa de dona Amasília, praça da Literária, da Rádio Cacique, do Bar Chic, Bar Guarani, praça do Cine Central, praça da Igreja Matriz.

Praça de escravos e senhores, dos abolicionistas, dos monarquistas e republicanos, dos políticos de esquerda e direita, dos atos autoritários e democráticos, praça dos são-roquenses e estrangeiros.

Praça que ficou marcada por grandes datas, praça da recepção ao Imperador, dos festejos pela Abolição, da euforia pela República, da inauguração da estrada de rodagem, da comemoração do Centenário da Fundação, praça dos 16 de agosto e dos 7 de Setembro.

Praça que já recebeu Presidentes da República, artistas famosos e simples visitantes anônimos.

Praça do chão de terra, de pedras, sem calçamento, praça dos bancos de madeira e de cimento, praça do chafariz. Praça da iluminação a lamparinas de azeite, praça dos lampiões de gás, praça da luz elétrica.

Praça dos carros de boi, do primeiro automóvel que chegou roncando e espalhando fumaça, praça dos motoristas de táxi, do trânsito confuso e das discussões sobre ele. Aberta ou fechada? Praça velha, praça jovem, ainda não encontrou sua verdadeira identidade...

“A mesma Praça, o mesmo banco...”, os versos do poeta, acredito, são os versos de todas as praças e também os da nossa. Não importa se as flores não são mais as mesmas e se também o jardim não é o mesmo. Não importa se nem tudo continua igual...

O que importa, é que a Praça é nossa!

Que o povo viva a Praça!

Imagem de domínio público da cidade de São Roque
autoria ignorada

Twitter: http://twitter.com/SilviaMello23

DEUS É FIEL