quinta-feira, 4 de novembro de 2010

E se você só tivesse dois meses?















Todos já nos imaginamos diante da fantasia de morrer no dia seguinte, de ter à frente pouco tempo de vida; esse é um tema recorrente na literatura, no cinema, nos livros de auto-ajuda. Alguns de nós já nos deparamos com situações reais desse tipo, onde presenciamos a vida de alguém se abreviar, sem remédio, sem cura.

Mas se a vida não está de fato no final, ela tem ciclos, que terminam. Lugares que temos de deixar, pessoas que se vão e, às vezes superar isso é como superar a morte. Porém, nada dura para sempre. Assim como tudo muda com o tempo, tudo se cura com o tempo e ele tem suas mazelas, às vezes nos empurrando para situações onde temos que decidir e tomar atitudes.

O ano está no final, faltam apenas dois meses para terminar.
O que ficou por decidir em sua vida?
Que atitude deve tomar ainda este ano e não o fez?

E se você tivesse apenas dois meses de vida, o que faria?

Lembrei de me fazer esta pergunta ao ler um trecho do livro É Agora ou Nunca, da escritora irlandesa Marian Keyes, onde uma das personagens imagina o que faria nessa situação, ao ver um amigo que está prestes a ter um prognóstico nada animador sobre sua saúde.

Transcrevo resumidamente esse trecho aqui:

“Como seria? Forçou-se a imaginar. Aquele seria seu último Natal. Não haveria outro verão para ela. Dias apenas, ao invés dos milhares e milhares que até então sabia que se estenderiam adiante, formando uma cadeia de anos que a levariam à velhice.
“Para sua surpresa, algo de modificou dentro dela. Um dia comum, sem muitas emoções, simplesmente devido à sua disponibilidade, inútil pelo fato de haver tantos outros à sua frente, parecia subitamente agigantar-se sobre ela, para em seguida florescer, como se todas as suas nuances subitamente lhe parecessem doces e preciosas. Seria um dia valioso como um diamante raro, desde o acordar na manhã cheia de expectativas, se desenrolando até a luz do entardecer. Sentiu uma frenética necessidade de preencher esse tempo, de usá-lo com sabedoria, de fazer tudo o que desejava, as coisas realmente importantes.
“Fim das responsabilidades, pois ela não estaria ali para receber os louros. O mais importante, deixar de ter tantos cuidados, pois ela não estaria ali para lidar com as conseqüências. Sentiu-se quase em pânico ao pensar nas coisas que gostaria de fazer nos (dois) meses de prazo. Precisaria fazer um milagre da multiplicação dos pães em sua vida para poder dar tempo de fazer tudo aquilo.
“Suas regras e barricadas lhe pareceram sufocantes, até mesmo loucas. Queria submergir totalmente na vida.” (Marian Keyes, em É Agora ou Nunca, pp. 308 e 309),

E se você só tivesse dois meses? Se fosse assim urgente viver, o que faria?
Faltam dois meses para terminar o ano.
O que você planejou fazer este ano e ainda não teve coragem ou estímulo?
O que pensou em mudar e continua igual?
Onde pensava em ir, mas ficou por medo?
Com quem precisava falar, mas desistiu?
Que lugares gostaria de conhecer?
Que projetos pretendia criar e não saíram da sua mente?

E se você só tivesse esses dois meses que faltam para o ano terminar?
E se você tivesse apenas dois meses de vida, o que, de verdade, faria?


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