domingo, 22 de maio de 2011

A ALMA DAS COISAS COMUNS














Quando nos surpreendemos com o que vemos ao nosso redor, podemos perceber o imenso caleidoscópio feito das pequenas coisas comuns que já passaram a integrar a paisagem em branco e preto do nosso dia a dia.

 
Deixar que saltem aos olhos o suspiro da manhã, o movimento dos insetos, as nuances de reflexos da luz no ar, a dormência da tarde após o almoço, as luzes que pouco a pouco tomam conta da vida ao cair da noite. Das pequenas e quase insignificantes coisas que passam por nossos olhos sem que nelas nos detenhamos, pois estamos muito focados na rotina, podemos aos poucos partir para as coisas maiores até que cheguemos às pessoas.

 O que vemos nelas não é senão nosso espelho.

 Tentar discernir os diversos sons que chegam ao mesmo tempo aos nossos ouvidos ou procurar descobrir um sutil sinal de som quando estamos em silêncio. Ouvir um rufar de asas, o sopro da brisa, os pequenos semitons que invadem o ar por entre os sons costumeiros dos locais onde passamos ou daquele ambiente no qual permanecemos a maior parte do dia. Partir dos sons quase imperceptíveis, ampliarmos nossa audição, até que cheguemos às vozes das pessoas, ao seu timbre, às palavras e seu significado.

 
E tentemos ouvi-las por um momento, sem pensar, julgar, criar novas idéias.

 
Sem falar. Calar apenas e se entregar à arte de ouvir.

 
E então, voltemos nossa sensibilidade para os odores que nos rodeiam, nem sempre aromas de flores, mas tentemos diferenciá-los, dos mais leves aos mais intensos, sem juízos. São apenas cheiros. Cheguemos aos perfumes das pessoas e em como nos relacionamos com isso.

 Podemos comandar nossas reações ao que vem das pessoas e de todo nosso ambiente externo, nem sempre precisamos reagir.

 
Podemos simplesmente perceber e integrar o que o exterior nos provoca.

 
Deixando a questão do tato e do toque nas coisas ao nosso redor para outro momento, tentemos nos voltar ainda para nossas emoções em contato com o mundo.

 
Estejamos por um dia voltados para o esforço de identificar que estímulos agem sobre nosso ser hoje, nosso corpo e nosso sentir, que afetos eles nos despertam, desde os mais insignificantes até a interação com as pessoas. Apenas sentir, perceber o que nos eleva e o que nos faz re-sentir. Sem julgamentos.

 
São apenas sentimentos que o mundo e as pessoas nos despertam.

 
Esforçar-nos por perceber o mundo externo nos leva à percepção de nosso universo interior. É nele que estão todas as explicações para o que vemos, ouvimos, sentimos. É em nós que nascem os afetos, pois é nosso centro que se afeta com o mundo externo.

 
Mas podemos escolher a forma única, determinada por nosso centro interior, de receber essa diversidade de estímulos do mundo exterior.

 
Podemos enxergar tudo isso como um grande caleidoscópio.

E escolher refletir cada cor de maneira especial, de forma a nos manter inteiros e integrados à luz que, a cada momento, se amplia e modifica, em contato com o brilho individual de cada um de nós.

Descobrir a alma das coisas comuns revela a força da nossa alma.


Imagem: Google

Twitter: http://twitter.com/#!/SilviaMello23

DEUS É FIEL

Nenhum comentário:

Postar um comentário