segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

LEALDADE OU FIDELIDADE? E se você tivesse que escolher?


Nem sempre as posturas que adotamos na vida por orientação interna estão em voga na moda do que se aceita e se permite em termos de relacionamento na cultura do “deixa passar mais essa”.

Lealdade se revela para mim com um traço de caráter, daqueles que parecem estar tatuados na personalidade, na forma como nos posicionamos ou no modo como nos conduzimos em relação às pessoas nas mais diversas situações.

Ser leal é estar para o que der e vier. Lealdade não veste a roupagem do camaleão, não dança conforme a música, não é Maria vai com as outras...

Lealdade tem um pouco de franqueza e sinceridade. É retidão de caráter.

Lealdade escrita ao contrário, parece nome de anjo: Edadlael!!! Que seja o anjo da Lealdade!

Fidelidade me lembra escolha. E escolha vem sempre com uma pitada apimentada de tentação: Isto ou Aquilo? Na maior parte das vezes, nossa orientação interna nos diz o que é melhor para nossa alma, mas nossa vontade, impregnada dos desejos do ego, fica sempre tentada a fazer o contrário.

Na fidelidade podemos praticar o livre arbítrio. Quem é fiel numa situação pode não ser em outra. Quem é fiel a alguém pode não ser a outro alguém. Por isso, às vezes recebemos um cartão de fidelidade. A fidelidade pode ser um pacto entre pessoas.

Lealdade e fidelidade não me parecem sinônimos, como se lê em alguns dicionários.

Lealdade está contida na pessoa, em seus princípios. A lealdade pressupõe ser fiel a si mesmo antes de tudo. Fidelidade varia conforme a relação com o mundo. Fidelidade é acordo.

Quem é leal, antes de tudo a si mesmo, tem grandes chances de sempre honrar seus pactos de fidelidade. Mas aquele que não é leal, rompe seus próprios princípios, não é confiável e, portanto, é passível de quebrar seus pactos de fidelidade.

Se você tivesse que escolher um parceiro (a) escolheria alguém Leal ou alguém Fiel?

Difícil, né? Ninguém quer ser traído. Aí voga a lei do “se traiu alguém, acabará por trair você também.” Mas, na prática não é bem assim. A lealdade a si mesmo antes de tudo e a fidelidade à sua orientação interna, é a dobradinha que determina se alguém será fiel a outro alguém. Mas ser fiel ou não é sempre uma escolha da própria pessoa. Ninguém pode alegar motivos alheios a si mesmo para quebrar um pacto de fidelidade, mesmo que a outra parte o faça primeiro.

Se eu tivesse que escolher entre alguém Leal e alguém Fiel, num relacionamento a dois, escolheria alguém Leal, alguém com opinião, alguém que estivesse no mundo com o propósito e a convicção de, antes de tudo, ser Fiel a si mesmo. Essa pessoa teria grandes chances de cumprir um pacto de Fidelidade.

E acredito que relacionamentos a dois pedem esse tipo de pacto.

As tentações surgem, mas quando a fidelidade está impregnada da própria lealdade, ou o relacionamento termina, ou então, a escolha é por manter intacto esse pacto.

Lealdade é um pressuposto para a Fidelidade. Quer saber se alguém é Fiel? Observe se suas posturas se orientam pelo ser Leal...

E Boa Sorte! Que para toda regra, há sempre as exceções e não existem verdades absolutas.

Viver é regra, relacionar-se bem, muitas vezes, a exceção!!!



Imagem: Google

6 comentários:

  1. Tais palavras vieram ao meu encontro.
    Preciso deixar-me envolver por elas.
    Momento de Beleza!

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  2. Que bom que minhas palavras fazem eco. Este é um espaço para reflexão e troca de idéias... Seja bem-vinda, Cynira!

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  3. "...Em cada relação que começa, a vida e o amor renascem. A paixão coloca cada pessoa num ponto alto e excepcional, inevitável e imperdível. Gostosamente. Mas as pessoas no seu melhor vêm depois, às vezes muito depois, quando se chora e luta, quando se aceita e se resiste, quando se constrói e quando se acredita. As verdadeiras relações, os grandes amores são sempre virtuais. Não por serem irreais, antes por serem imateriais, apesar de nos darem a ilusão de um corpo, de um suporte material que tocamos e possuímos, que acreditamos nosso, real, físico, material. Sentimos amor, quase conseguimos tocar, agarrar essa sensação. Dizemos convictos que é real. Olhamos o outro nos olhos e parece real, parece que o outro ali está e nos ama mais que nós... Mas ver, sentir, tocar, são formas de aceder ao amor, ascensores, facilitadores. Difícil mesmo é planar. As relações são feitas de ar, planar. É no vento que se ama. Talvez ser o próprio vento, e não a folha. Vê-se melhor o que é amar quando é difícil amar, aceitar que é sempre mais do que improvavelmente, um esforço, um desejo, um empenho pessoal em algo que materialmente não existe, não é palpável nem mesmo se sente. Nunca se ama realmente, a realidade do amor é nunca ser real. Virtual. No dia a dia, corpo a corpo, sonha-se o amor, sonha-se um amor virtual, que se não for virtual não é amor. Virtual porque não depende da presença do outro, da aparência do outro, do comportamento do outro. Um amar que perdura e se sustenta (Vento) mesmo quando não vemos o outro. Amar é memória, antecipação e crença profunda em memórias que hão-de vir. Virar a cara a quem nos vira a cara, sabemos todos que é real, bem concrecto, mas não é amar. Ama-se mesmo quem não nos ama e nos quer deixar. É na paciência, na persistência que se mede o amor. Amar é escolher amar. Depende de quem ama e não de quem é amado. Depende do esforço e disponibilidade de quem ama. Ninguém merece ser amado, porque ninguém pode deixar de merecer ser amado. Não depende do mérito, não depende do comportamento, não se vê nem se comprova. Posso ter que silenciar, posso ter de partir... vai comigo o amor..."

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  4. Bonito texto, Sílvia! Bonito texto, Joaquim! (parece-me que já o tinha lido... provavelmente no grupo QUIM LOBICES, só pode!)
    Pois subscrevo a ideia da Sílvia, penso e sinto assim. Pena é que seja às vezes difícil reconhecer, ou melhor, saber ao certo se o nosso companheiro é acima de tudo leal... mas enfim, são 'riscos' que temos de correr... Tb me identifico estou de acordo com as palavras dio Joaquim, que foi bem longe na explanação das suas ideias sobre o que é o amor, até ao ponto de dizer com convicção: «Ama-se mesmo quem não nos ama e nos quer deixar. É na paciência, na persistência que se mede o amor. Amar é escolher amar.» ... Admirável, Joaquim! Nem sempre é fácil, mas é nisso que acredito também. Parabéns, por mais este texto tão ... profundo e poético.
    Saudações especiais para os dois :)
    Conceição Ferreira

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  5. adorei esse texto muito lindo boa tarde bjs

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  6. Obrigada, Val! Seja bem-vinda sempre! :)

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