quinta-feira, 3 de março de 2011

A PRAÇA

Ela já recebeu vários nomes, já foi Largo da Matriz, Praça Washington Luiz. Hoje, como em outros tempos, é Praça da Matriz. Mudou de nome, mudou de cara, mas é a mesma praça, guardando tantos segredos. Praça que presenciou muitos acontecimentos, imponentes, históricos ou simplesmente corriqueiros. Praça que ouviu... o burburinho dos saraus ao seu redor, discursos, vivas, som de rojões e fogos, juras de namorados, fofocas de comadres, reminiscências de aposentados, o canto dos pássaros.

Praça dos desfiles, das Cavalhadas, das festas religiosas, das procissões, dos comícios e shows, das bençãos e manifestações políticas. Praça do povo! Mudaram sua roupagem, seu visual, inúmeras vezes, é verdade, mas é a mesma praça. Praça de ontem, praça de hoje... Praça que presenciou tantas mudanças! Praça que já viu homens de cartola, gravatas borboleta, fraque, homens de chinelo, bermuda, calça desbotada, garotos com bolas de gude e skate; praça que admirou desde os trajes recatados das mulheres, costume chegando aos pés, até a nudez dos destaques de Carnaval.

Palco de lazer quando, nas noites quentes de domingo, as famílias iam ao “Largo” e quando o divertimento era “dar voltas na praça”, mulheres de um lado, braços dados, homens do outro, mãos no bolso, “tirando linha”. Praça que já testemunhou o nascimento de grandes amores e desencontros.

Praça que sentiu perfumes mil, o aroma das flores, das mulheres sábado à noite, o odor de mendigos e bêbados

Praça dos turistas, do bate papo, dos engraxates, das rodas de capoeira, dos vendedores, das barraquinhas, dos encontros, das Alvoradas. Praça da alegria... Praça das bandas de música! Praça dos Festivais de Inverno...

Praça que nasceu com o sobrado de taipas de Pedro Vaz. Praça que, nas manhãs de domingo, surpreendia o fundador dirigindo-se à Igreja pelo passadiço que a ligava à sua casa, para assistir à missa.

Largo da Freguesia, da Vila, praça da Cidade, da Estância Turística!

Praça que já abrigou à sua volta tantos moradores ilustres. Praça do Barão de Piratininga, praça de Quirino de Aguiar, praça de Xavier de Lima...

Praça das primeiras construções, praça do “casarão”, da Loja Grande, da Casa da Câmara, praça da casa de dona Amasília, praça da Literária, da Rádio Cacique, do Bar Chic, Bar Guarani, praça do Cine Central, praça da Igreja Matriz.

Praça de escravos e senhores, dos abolicionistas, dos monarquistas e republicanos, dos políticos de esquerda e direita, dos atos autoritários e democráticos, praça dos são-roquenses e estrangeiros.

Praça que ficou marcada por grandes datas, praça da recepção ao Imperador, dos festejos pela Abolição, da euforia pela República, da inauguração da estrada de rodagem, da comemoração do Centenário da Fundação, praça dos 16 de agosto e dos 7 de Setembro.

Praça que já recebeu Presidentes da República, artistas famosos e simples visitantes anônimos.

Praça do chão de terra, de pedras, sem calçamento, praça dos bancos de madeira e de cimento, praça do chafariz. Praça da iluminação a lamparinas de azeite, praça dos lampiões de gás, praça da luz elétrica.

Praça dos carros de boi, do primeiro automóvel que chegou roncando e espalhando fumaça, praça dos motoristas de táxi, do trânsito confuso e das discussões sobre ele. Aberta ou fechada? Praça velha, praça jovem, ainda não encontrou sua verdadeira identidade...

“A mesma Praça, o mesmo banco...”, os versos do poeta, acredito, são os versos de todas as praças e também os da nossa. Não importa se as flores não são mais as mesmas e se também o jardim não é o mesmo. Não importa se nem tudo continua igual...

O que importa, é que a Praça é nossa!

Que o povo viva a Praça!

Imagem de domínio público da cidade de São Roque
autoria ignorada

Twitter: http://twitter.com/SilviaMello23

DEUS É FIEL

2 comentários:

  1. Ah!!! SÌLVIA!!!
    Nada como um banco na PRAÇA!!!

    Amo, amo, amo... Você é linda...
    Eu sempre digo, se sentem em seu banco particular, para se sentir em sua PRAÇA PERSONALIZADA!!!
    Que dependendo de suas visitas poderá estar silenciosa ou atribulada.
    SÍLVIA você me deu a felicidade HOJE NO CARNAVAL,de que podemos dividir um banco na MESMA PRAÇA!!! LEMBRA DA CANÇAÕ???

    (e não é loucura da joaninha)

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  2. Também amo praças, essa especialmente, embora hoje esteja diferente.

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